Existe uma miscigenação grande e variada na formação da raça e da
cultura do povo brasileiro da fronteira oeste brasileira. Influências que vão
desde a forma de falar e se vestir, até os costumes mais marcantes da culinária
dessa gente. Em Corumbá e Ladário, são vários os pratos vindos de raízes europeias,
árabes, bolivianas, paraguaias, e até orientais. Entre a sopa paraguaia, a
saltenha e o sarravulho, estou dando preferência, neste primeiro artigo, a uma
terrina que vem bem dali, do outro lado da fronteira, originária da mesa de “nuestros hermanos bolivianos”. Vamos
falar um pouquinho a respeito do Arroz Boliviano, um prato que mistura sabores
fortes e marcantes e que é de se repetir várias vezes para saciar a vontade.
É claro que são muitas variações e que vão aparecer os mais
entendidos dizendo que a receita não é original, mas para quem não sabe, na
culinária a gente chega o mais perto possível do original e mais próximo ainda
do que realmente fica bom para o próprio gosto e de quem come. Ou seja, tal
qual na frase de Lavoisier, “no mundo
nada se cria, tudo se transforma”, na culinária ainda mais, até porque os
sabores se sobrepõem aos sabores, formando delícias cada vez mais próximas da
divindade.
O Arroz Boliviano, sabe-se, veio do lado de lá da fronteira, mas
não se tem ao certo a notícia de sua história. Sabe-se que os irmãos
sul-americanos, gostam de preparar pratos que envolvem o arroz e outras
iguarias, como o arroz com coalhada; o amarradito, que é uma mistura de arroz
com carne seca desfiada e queijo; ou o amarradito de frango. Talvez essa iguaria,
seja uma das muitas variações desse prato que ganhou o gosto do pantaneiro e,
hoje, é muito mais uma iguaria pantaneira do que boliviana.
Misturar ao arroz, carne moída, queijo mussarela, bata frita e
banana da terra frita, pode parecer irracional. Mas, comer essa iguaria é que é
proporcionar uma irracionalidade ao sistema degustativo, concedendo ao próprio
cérebro momentos ímpares de prazer. É como se os anjos se unissem em sinfonia
para tocar uma melodia frequente e bem arranjada.
Prato fácil de fazer, começa com a preparação de um molho
vermelho, à base de carne moída, como uma bolonhesa. Pica tempero, frita, frita
a carne, põe molho, água, cozinha. À parte, faz-se o arroz e também frita a
banana da terra em tiras. A batata, que hoje em dia muita gente usa a palha,
tem que ser a palito, aquela que frita primeiro, depois gela, depois frita de
novo.
No fundo da terrina vai um pouco de molho, depois arroz, palitos
de mussarela, batata frita, banana frita, mais molho, mais arroz, tudo de novo.
No final põe mussarela ralada. Se
quiser, pode colocar parmesão ralado também e levar ao forno para gratinar por
uns 30 a 40 minutos, até ficar coradinho. Pronta a terrina, pronto o prato,
pronta a delícia, das maiores delícias boliviano-pantaneiras.
André Navarro
Cel. (67) 99240-5345
Assista ao vídeo da receita, com todos os detalhes:
Parabéns. Saudades desse prato
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