Piracema: A falta de fiscalização e os riscos para os cardumes

André Navarro

Desde o dia 5 de novembro está proibido pescar nos rios do Pantanal. É o período da Piracema, quando os peixes sobem para as cabeceiras dos rios para desovar. O Defeso, como é chamado, vai até o fim de fevereiro quando somente pescadores artesanais podem capturar uma pequena quantidade para subsistência.
Na teoria, tudo isso é muito bonito, ajuda a proteger os cardumes e conserva o Pantanal. Mas, na teoria, porque na prática, é temporada de pesca para os depredadores, em especial para quem utiliza redes de pesca, um apetrecho extremamente nocivo e proibido na região.
Acontece que, quando os rios ficam vazios, sem turistas, sem pescadores profissionais, os depredadores atuam com mais tranquilidade. No período de pesca liberada, profissionais e amadores ajudam a fiscalizar, já que Ibama e Polícia Militar Ambiental não estão preparados para desempenhar o papel para o qual foram criados.
O Ibama tem tão somente um fiscal em Corumbá e, a PMA, 15 policiais. Esse é o contingente para cuidar de 160 mil quilômetros quadrados de Pantanal. E não é por falta de dinheiro, já que muito se arrecada com licenças e taxas ambientais, entre elas a licença de pesca.
Para tentar maquiar a deficiência, a PMA lança mão de operações esporádicas divulgando aos quatro cantos que 350 policiais estão na fiscalização. Esse é o contingente para todo o Estado de Mato Grosso do Sul, insuficiente até mesmo para cuidar da região pantaneira.
Em Corumbá, a necessidade é de uma companhia com pelo menos 100 homens, que tenham à disposição barcos, caminhonetes, helicóptero, avião e gasolina. Utopia? Não! No mundo todo o meio ambiente recebe verbas especiais, no Brasil não é diferente. O que falta então? Com a palavra as nossas autoridades que adoram fazer reuniões e fazer e divulgar operações falidas que de nada adiantam ser feitas.

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